5 filmes para ver antes de morrer

Foto: Alexandra Galvis

Inspirada pelo projeto 5dicasporfavor, escrevi esse texto. A ideia original abrangia apenas 5 livros, 5 filmes e 5 álbuns e foi abandonada pelo seu criador, infelizmente. Eu, por outro lado, gosto dela como sempre e só precisei dividi-la e lhe acrescentar 2 categorias para escrever a série de posts que começa agora.

EDIT: Para descobrir os 5 livros para ler antes de morrer, ler sobre os 5 programas de TV para assistir antes de morrer ou conhecer os 5 livros para ler antes de morrer, clique nos links.

5 filmes para ver antes de morrer

Os critérios aqui não foram a relevância dos filmes para a história do cinema, isso é assunto para um post distinto. Esses são os 5 filmes que eu sinto que precisam ser vistos: explicarei logo abaixo os porquês. Seja pelo brilhantismo, pela moral, pela magia ou por ser surrealmente desconhecido (vide Saawariya), esse quinteto cinematográfico é o meu queridinho entre tantos outros queridinhos.

Para saber mais, clique no nome do filme.


1. Onde vivem os monstros, dirigido por Spike Jonze.

“Onde vivem os monstros” é o mais polêmico desta lista porque costuma despertar ódio ou amor, nunca sentimentos mornos. A falta de uma estrutura narrativa fixa e o realismo fantástico da história acabam confundindo alguns telespectadores desavisados que, por isso, deixam escapar a grande joia do filme: as suas metáforas. Nunca antes um filme conseguiu retratar tão bem a infância, os sentimentos e as várias crianças dentro de um menino que, por vontade do autor, chamou-se Max. A sinopse é simples: Max foge de casa e, após lançar-se ao mar, alcança uma ilha povoada por monstros. Monstros de todos os tipos e com todos os padrões de comportamento possíveis. Monstros que, rapidamente, revelam-se ser ninguém menos do que os Maxes dentro do próprio Max. Dessa ilha, não sem razão, o menino se torna o rei.

O adjetivo para ‘Where the Wild Things Are’ é: extraordinário. Por isso, não adianta assistir esperando um roteiro quadrado. Espere, por outro lado, encanto, uma fotografia de doer de tão linda e as melhores alegorias do cinema contemporâneo em um só filme. É uma adaptação do livro homônimo – que também é lindo.

Obs: Quem viu Moonrise Kingdom, vai perceber os sussurros de Onde vivem os monstros no ar.

1 sneak peek do encanto:

 


2. Volver, por Pedro Almodóvar.

As mulheres de Almodóvar são impetuosas, livres de estereótipos e pintadas a cores primárias. Volver é um filme sobre e para elas. Acompanha Raimunda (Penélope Cruz) e as mulheres de diferentes gerações da sua família enquanto nadam contra a correnteza implacável da vida. Mais uma vez, o elenco favorito do diretor – Penélope Cruz, Chus Lampreave, Lola Dueñas e Carmen Maura – mostra-se magistral. A fotografia e a edição de arte, obras primas. Quanto à direção, é quase inconveniente elogiar o que é absolutamente infalível. Resta apenas dizer que Almodóvar é o meu diretor favorito, entre mortos e vivos e que ele nunca decepciona. Nunca.

Volver me serviu como porta de entrada para o *Maravilhoso Mundo de Almodóvar*, do qual jamais saí. Por isso, aviso: cuidado! Depois de descoberta a sua chave, não há volta. Gênio.

1 razão para morrer de amores (porque já não basta ser talentosa, linda, etc., ainda tem que cantar):


3. Billy Elliot, de Stephen Daldry.

Billy Elliot é a história de um menino que descobre o seu amor pela dança. E também é a história de um pai que ama o seu filho de paixão. O cenário é o de um bairro de mineiros em uma cidade no interior da Inglaterra. A cidade está em crise, os mineiros em greve e em guerra entre os que a apoiam e os “traidores”. Em meio ao caos, Billy cai de paraquedas na aula de ballet da sala ao lado de onde pratica boxe. A partir de então, nunca mais para. A trilha sonora e o elenco impecável, em especial o próprio Jamie Bell (que interpreta o protagonista) garantem a genialidade do filme. A direção sensível de Stephen Daldry nos presenteia com algumas das mais belas cenas do cinema contemporâneo.

Esse filme é como um abraço.

Sobre a transformação do filme no premiadíssimo musical (também recomendo com fervor):


4. Malena, de Giuseppe Tornatore.

Um ensaio sobre a inveja humana. Malena faz parte daquela peculiar categoria de filmes apaixonantes que nos mergulham na mais profunda angústia. Não adianta desligar a TV e nem fechar o notebook. Como uma ficção que reflete e refrata a realidade, a agonia que Malena provoca não acaba junto com o filme. E também não se calam as suas perguntas. Qual é a natureza da essência humana? O que é a inveja? O que é o pecado?

À última pergunta, respondo com certo pesar: o pecado imperdoável de Malena (Monica Belucci) – coitada! – foi o de ser bonita demais.

1 teaser:


5. Saawariya, de Sanjay Leela Bhansali.

A prova de que o cinema indiano vem sendo vergonhosamente subestimado, Saawariya é um dos melhores musicais a que assisti em toda a minha vida. Da trilha sonora ao roteiro, da fotografia à edição de arte: tudo é cuidadoso, delicado e bonito. A trama principal fala de amor, como deveria ser. Mas nem todo amor é recíproco, entendam. Em Saawariya, assistimos ao amor de Raj pela triste jovem Sakina que, por sua vez, é apaixonada por Imaan. Enquanto ele tenta persuadir o coração de Sakina, ensina-a sobre como encarar a vida e compreender o mundo. Há algo de mágico em todas as cenas do filme, nos seus tons sombrios paradoxais à pureza dos diálogos e dos sentimentos que nele ganham vida.

1 frase para guardar: “But, don’t forget, unhappiness is a very strong opponent. Now start fighting.”


Alertinha! Essa publicação é pessoal! Não adianta espernear, mas adianta – e muito – fazer a própria lista nos comentários abaixo ou enviar a sua versão via inbox na fanpage do Blog Declara. Aguardamos novas dicas do que ler, ver e ouvir antes de morrer.

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clara-fagundes-pesquisadora-do-futuro.jpg

27 anos, nordestina em SP, publicitária graduada e pós graduada pela USP, escritora e apaixonadíssima por moda, cinema, viajar e sorvete. Fico entediada bem rapidinho com as coisas, então, costumo fazer várias ao mesmo tempo. Vivo à procura de encanto.

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